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domingo, 9 de junho de 2013

A Despedida.

III

O dia amanheceu com algumas nuvens escuras, mas logo veio o sol, Luciana em companhia da avó materna, aproveitavam o aroma verde do jardim, enfeitando o pequeno parque de lazer e reflexão, mantido com muito carinho pelos moradores daquela cidade. Todas as forças renovavam-se ao contato daquele ambiente de paz e renovação. Enquanto caminhavam, Luciana reiterava as suas dúvidas quanto ao acontecido no dia anterior. Desde que chegara a cidade a anos atrás, e encontrara a avó a sua espera, nunca mais a perdera de vista. Amava-a tanto quanto ou mais, do que quando conviveram juntas na terra. Embora a tenha perdido muito criança ainda, guardara dela boas recordações, e encontrá-la nas condições de espírito tempos depois, foi como se o tempo não houvesse passado. Luciana lembra do encontro e sente o alívio, como se estivesse no deserto morrendo de sede e de repente um grande rio despontasse em sua frente, e matasse toda a sede. O silêncio de Luciana doía no coração da avó, que já tinha conhecimento dos últimos acontecimento, antes mesmo deles acontecerem. Para ela não havia surpresas, visto que estava também envolvida na trama espiritual da neta, desde as remotas existências vividas, hora na terra, ora em outro plano de vida, e agora fora designada para ser aquele espírito protetor que a acompanharia ao plano físico, estava incumbida de ser um amigo espiritual que zelasse por ela. São funções específicas dos que sabem amar sem interferir nas idéias do seu tutelado.Ao mesmo tempo que é bom, pode também ser muito sofrido para os entes queridos que assumem esse trabalho, pois nem sempre os homens se lembram dos compromissos assumidos anteriormente e resolvem cumprí-lo. Em meio a pensamentos conflitantes, Luciana ouve as palavras da avó:- Vou sentir saudades destas nossas caminhada de  toda manhã. Respirar esse perfume gostoso das flores ao seu lado.
      -Vó, sei que vai estar comigo por onde for. Diz vó! Acredita mesmo que vou conseguir?
      -É claro que vai. Entendo o seu medo acerca do coração, do afeto sensual, mas o passado não se repetirá. Você amadureceu querida. -
      -Vó, vai interferir no meu livre arbítrio, quando eu estiver fazendo algo ruim, não vai?
     -Não filha, sabe que não poderei  fazer isso.Terá que decidir por você mesma os rumos de sua vida.
     - Mas eu peço, eu lhe imploro vozinha, ainda que eu não entenda, ajuda-me a não cometer os erros  que cometi e que por eles tenha que pagar tão caro.
     -Vejamos se desta vez consiga superar a rebeldia e aceite as lições que as benditas provas lhe proporcionar. Eu vou sempre estar com você, basta pensar em Deus e na oração.Vai dar certo sim, confiemos!

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